Experimentando Sons
escritos sobre o projeto SENSVS e OPUS X de Marina Mapurunga
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Quando teu som invade meu meio
Em um primeiro instante, teu som invade meu meio, depois ele passa a fazer parte do meu meio junto ao meu som. Teu meio se torna base para meu meio. Nossos meios transitam entre si. Nossos sons se transformam, nossos meios se deslocam, meu som coabita teu meio, assim como teu som coabita meu meio.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Opus X teclado para objetos sonoros
(texto escrito por Marina Mapurunga, publicado no Catálogo da Exposição Conexões Estéticas de 2011.
Opus X, estará exposta novamente no dia 7 de fevereiro de 2012, na Vila das Artes- Rua 24 de maio, 1221 -Fortaelza-CE, de 14h às 20h)
“É imensa a capacidade criativa do ser humano em manipular o som – mesmo porque ele vai acompanhá-lo de perto durante toda a sua vida, mais que qualquer outra criação do espírito humano.” Julio Medaglia
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Pierre Schaeffer |
O conceito de música é revisto a partir deste momento de ruptura ocorrido no século XX, em que a definição de música meramente como sons pode ser pensável. John Cage respondendo a pergunta de Murray Schafer quanto a sua definição de música diz que “Música é sons, sons à nossa volta, quer estejamos dentro ou fora de salas de concerto.” (SCHAFER, 1991, p. 120). Em 4'33'' Silence, de John Cage, é o ambiente exterior à orquestra que cria a música. Enquanto a orquestra se posiciona, mantendo-se parada durante os quatro minutos e trinta e três segundos (título da obra), os sons da platéia, da sala de concerto, os sons exteriores que invadem esta sala é que cria a composição de Cage. Nunca essa obra é a mesma, a cada ambiente, público e situação ela se modifica.
Estamos rodeados por sons, sempre. Impossível não ouvirmos nada. Mesmo que tapemos nossos ouvidos, ouviremos o som de nosso corpo. O que se passa é que as pessoas já não percebem tão bem os sons, por estarmos em meio a uma massa de ruídos, de poluição sonora. Os objetos têm sons peculiares que nos atraem e nos repelem. O som nos traz à memória. O som das chaves abrindo a porta – alguém chegando-, do talher caindo na cozinha – alguém descuidado -, dos pratos sendo colocados à mesa – hora de comer-, da porta da geladeira abrindo -fome-, do liquidificador -alguma vitamina sendo preparada-, do brinquedo que tínhamos quando criança -lembrança da infância-, das moedas dentro do porquinho de barro -será que já tenho dinheiro o suficiente?-, do relógio fazendo tic-tac -está muito silencioso para eu poder ouvir este relógio-, do estabilizador ligado na tomada -isso não me deixa dormir-... Sons e mais sons, marcas sonoras de nossa vida.
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Edgar Varèse |
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Referências bibliográficas:
BENNETT, Roy. Uma breve história da música. Trad.: Maria Teresa Resende Costa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1986.
MEDAGLIA, Julio. Música, Maestro!: do canto gregoriano ao sintetizador. São Paulo: Globo, 2008.
SCHAFER, Murray. O Ouvido Pensante. Trad. Marisa Fonterrada, Magda Gomes da Silva, Maria Lúcia Pascoal. -São Paulo: UNESP, 1991.
sábado, 11 de junho de 2011
Experimento I - o vídeo
SENSVS, Experimento I ::: Curta metragem sobre sons, corpos e sensações.
O Projeto SENSVS é um experimento de como o som influencia e interfere nos atos, nas emoções e nas sensações de alguém. O sentido da audição permitirá que os sons funcionem como motor do corpo. O que estes corpos irão sentir? Irão se mover? Irão se emocionar? Ou simplesmente interromperão a experiência? Como se dá a relação entre sujeito/sons/câmeras?
Direção: Marina Mapurunga. Produção: Amanda Pontes e Sarah Holanda. Fotografia: Andressa Back, Daniel Bezerra e Dryca Lima. Arte e Iluminação: Raisa Christina. Som Direto: Artur Mota e Washington Hemmes. Edição: Andressa Back, Dryca Lima e Marina Mapurunga.
Convidados ao experimento:
Alexandre Veras, Alfredo Barros, Ana Carolina Bezerra, Jade Bezerra, Marina Ferreira Coutinho, Nonato Ferreira, Sandro de Araújo e Tiago Fortes.
Fortaleza - Ceará - Brasil.
Realização: Escola de Audiovisual de Fortaleza.
Apoio: SESC Fecomércio e Animula Produções Audiovisuais
Experimento I - produção
Produção do Experimento I
Ao entrar no teatro, o participante se deparava com uma cadeira em cima do palco, a qual ele sentaria e colocaria uma venda nos olhos e um headphone, que estava acoplado a um receptor, em seus ouvidos.
Explicamos as regras do experimento:
1- ele(a) ficaria livre para fazer o que quisesse no palco;
2- poderia tirar a venda, mas o seu experimento seria interrompido;
3- durante o experimento nós (equipe) não nos comunicaríamos com ele(a), ou seja, só falaríamos com ele(a) ao término do experimento e
4- ele(a) poderia falar conosco.
Ao sentar-se, o participante percebe que a câmera está a sua frente, em uma das últimas fileiras de cadeiras onde ficaria o público. É importante lembrar que no teatro só havia a equipe do projeto SENSVS Experimento I e o participante.
Nossa proposta era fazer daquele experimento um vídeo performance, uma performance realizada tanto pelos partipantes vendados conduzidos ou não pelos sons que ouviriam como uma performance da própria equipe que também entrava em cena.
Os sons apresentados ao participante eram oito, nesta sequência, cada um com cinco minutos de duração:
1) o som que tenta imitar o ventre materno, com som de líquido e batidas cardíacas
2) o som da feira da Beira-Mar
3) o diálogo entre duas mulheres conversando em uma língua inexistente
4) o som de trânsito e construção de obras
5) o silêncio
6) o som de um violoncelo tocando Bach
7) o som do ruído de uma TV fora de sintonia
8) o som de música eletrônica
Durante o experimento, fomos surpreendidos por várias atuações dos participantes. Alguns ficavam estabilizados na cadeira, outros falavam, outros cantavam, uns dançavam... O som funcionando como motor do corpo. O conhecimento da presença de uma câmera e da equipe fazia com que alguns ficassem imóveis, outros exageravam na performance e outros, mais acostumados com câmeras, pareciam não dar muita importância a ela.
Uma série de elementos podem ser estudados, discutidos e analisados a partir desse material.
Ao fim de todo o Experimento I, chega a hora da pós-produção... Essa será uma nova postagem...
por Marina Mapurunga.
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