sábado, 11 de junho de 2011

Experimento I - produção


Produção do Experimento I

Convidamos doze pessoas da cidade de Fortaleza-CE (Brasil), com perfis diferentes (ex: motorista de ônibus, dona de casa, professora de ensino fundamental, ator, músico, entre outros), para participar de um experimento que seria uma mostra de imagens e sons, seguida de uma entrevista e que ambas seriam gravadas. Marcamos a hora e a data para cada participante comparecer separadamente ao local, o qual era um teatro. 
Ao entrar no teatro, o participante se deparava com uma cadeira em cima do palco, a qual ele sentaria e colocaria uma venda nos olhos e um headphone, que estava acoplado a um receptor, em seus ouvidos. 
Explicamos as regras do experimento: 
1- ele(a) ficaria livre para fazer o que quisesse no palco; 
2- poderia tirar a venda, mas o seu experimento seria interrompido; 
3- durante o experimento nós (equipe) não nos comunicaríamos com ele(a), ou seja, só falaríamos com ele(a) ao término do experimento e
4- ele(a) poderia falar conosco.

Ao sentar-se, o participante percebe que a câmera está a sua frente, em uma das últimas fileiras de cadeiras onde ficaria o público. É importante lembrar que no teatro só havia a equipe do projeto SENSVS Experimento I e o participante. 

Nossa proposta era fazer daquele experimento um vídeo performance, uma performance realizada tanto pelos partipantes vendados conduzidos ou não pelos sons que ouviriam como uma performance da própria equipe que também entrava em cena. 
Na equipe haviam 10 pessoas. Após colocarmos a venda no participante, entravam em palco Washington Hemmes e Artur Dória que fariam o som direto dos sons emitidos pelo participante. Também subia ao palco Dryca Lima, a qual gravava a imagem do participante com uma handcam. As suas imagens eram mais próximas ao participante, ela também tinha um headphone com receptor e ouvia o mesmo que o participante ouvia. Podemos dizer que sua câmera é uma câmera mais íntima ao participante. 
Andressa Back comandava outra câmera que percorria o teatro, filmava tanto a equipe quanto o palco. Chamávamos esta de câmera livre. A única câmera que o participante percebia era a principal, a qual citei acima. Esta se concentrava na situação geral do palco e foi operada por Daniel Bezerra. Este e Andressa não ouviam o que os participantes ouviam. No primeiro andar do teatro, ficava uma câmera no tripé, a qual era operada por nosso amigo Ythallo Rodrigues. Esta câmera fazia um plano bem mais geral e em plongée. Mais acima, na mesa de iluminação do palco, ficava Raisa Christina. A cada som, Raisa modificava a iluminação, que tinha sido marcada antes do experimento. Raisa também ouvia os mesmos sons do participante para ter um controle mais preciso no momento das passagens de som/luz. 
Eu, Marina Mapurunga, ficava controlando o som a partir de um MP3 player e de um transmissor. O MP3 player foi a nossa escolha devido a mobilidade. Poderia controlar o áudio em movimento. Isso não era recomendável, mas se fosse necessário teríamos como o fazer. Como estava no controle do som transmitido, possuía headphones, porém precisava às vezes tirá-lo para ouvir o som ambiente do local que também estava sendo gravado. Também ficava atenta aos enquadramentos das câmeras que ficavam fora do palco e no térreo. Amanda Pontes e Sarah Holanda revezavam a produção e davam o apoio de dentro e fora do teatro.





Os sons apresentados ao participante eram oito, nesta sequência, cada um com cinco minutos de duração:
1) o som que tenta imitar o ventre materno, com som de líquido e batidas cardíacas
2) o som da feira da Beira-Mar
3) o diálogo entre duas mulheres conversando em uma língua inexistente
4) o som de trânsito e construção de obras
5) o silêncio
6) o som de um violoncelo tocando Bach
7) o som do ruído de uma TV fora de sintonia
8) o som de música eletrônica

Durante o experimento, fomos surpreendidos por várias atuações dos participantes. Alguns ficavam estabilizados na cadeira, outros falavam, outros cantavam, uns dançavam... O som funcionando como motor do corpo. O conhecimento da presença de uma câmera e da equipe fazia com que alguns ficassem imóveis, outros exageravam na performance e outros, mais acostumados com câmeras, pareciam não dar muita importância a ela.
Uma série de elementos podem ser estudados, discutidos e analisados a partir desse material. 


Ao fim de cada experimento, fizemos entrevistas com os participantes. Alguns faziam relatos bem próximos aos outros, assim como bem divergentes. Todos os sons eram iguais para todos participantes, no mesmo tempo e na mesma sequência, não modificamos nada. Porém, cada um via/ouvia de uma forma diferente, visões/audições diferentes de um mesmo objeto (o som). 

Ao fim de todo o Experimento I, chega a hora da pós-produção... Essa será uma nova postagem...


por Marina Mapurunga.

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